Dias atrás, o Fashion Revolution Brasil publicou um poema escrito pela Julia Mikita que instiga o questionamento sobre o trabalho por trás das roupas, muitas vezes desvalorizado e, em alguns casos, realizado sob condições absurdas.
O poema é forte e foi inspirado pela campanha “Quem fez minhas roupas?”, promovida pelo Fashion Revolution, movimento global que investiga e divulga informações sobre os bastidores da indústria da moda e seus problemas socioambientais, sensibilizando toda a sociedade com debates fundamentais para a transformação do setor – para que ele seja mais positivo, justo e responsável.
Segue o poema:
“Quem fez as minhas roupas?
A menina que aprendeu a pregar botões?
Antes de aprender a brincar de bonecas?
Ou a menina que aprendeu a costurar zíperes
Antes de aprender a ler e escrever?
Quem fez as minhas roupas?
A mulher imigrante que vive aqui?
Ou a mulher refugiada que buscou
Ajuda para sobreviver no meu país?
Quem fez as minhas roupas?
A estilista famosa da capital do meu país
Ou a costureira humilde de uma fábrica clandestina?
Quem fez as minhas roupas?
O fabricante de magníficos tecidos no exterior?
Ou o agricultor que cultivou o algodão no interior?
Quem fez as minhas roupas?
Foram as mãos macias dos anjos que costuraram o molde,
foram as mão suaves das fadas que cortaram o tecido,
foram as mãos firmes dos duendes que costuraram o vestido,
Ou foram as mãos as mãos calejadas das mães escravizadas?
Do submundo da moda que fizeram as minhas roupas?
Quem fez as minhas roupas?
É uma pergunta que me faz pensar,
Se no mundo da moda ainda é permitido sonhar,
Com um mundo de cores sustentáveis e de corações livres para sonhar”
![quem fez minhas roupas](https://www.tchristina.com.br/wp-content/uploads/2023/01/31b8ae2d-86f1-45bd-8ad3-ad82e71f8a6a.jpg)
![quem fez minhas roupas](https://www.tchristina.com.br/wp-content/uploads/2023/01/f724999b-385b-46de-8248-b73927efd04d.jpg)
Segundo um comunicado publicado pelo Fashion Revolution, “O exercício de sempre perguntar “quem fez minhas roupas” desenvolve uma conexão com nossa consciência: quando prestamos atenção na pergunta percebemos que existe um “quem” antes do “roupas”, e aí reside o principal: vidas estão por trás do que vestimos”.
E foram as milhares de vidas perdidas no desabamento do edifício Rana Plaza, em Dakha, capital de Bangladesh, que motivaram a criação do movimento ativista. Em abril deste ano, o desastre completa 10 anos. A data já está na agenda , com mais uma Semana Fashion Revolution (do dia 22 ao 29) trazendo ainda outras perguntas e provocações construtivas, como: “do que são feitas minhas roupas?” e “a cor de quem fez minhas roupas”.
Uma forma de proteger a cadeia produtiva ética e seus trabalhadores é trazendo visibilidade para essas pessoas e para os movimentos que lutam por isso, como o Fashion Revolution e o ModaComVerso – idealizado pela ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil).
![moda confecção](https://www.tchristina.com.br/wp-content/uploads/2023/01/8f25c3d9-0e3a-409f-8d05-f51950dbae69.jpg)
![](https://www.tchristina.com.br/wp-content/uploads/2023/01/7edb91c3-8953-45d6-aeb3-c33ddf90aba0.jpg)
As fotos que ilustram este texto foram feitas nas instalações da T.Christina, com alguns colaboradores de diversos setores da nossa confecção. Na primeira imagem: Sandra Garcia.
Veja mais sobre o ModaComVerso e as ações que participamos juntos, clicando AQUI e AQUI!